Uma das dicas de marketing mais batidas na advocacia é o famoso “você precisa se especializar”.
Eu mesmo já disse isso em alguns momentos, e percebo que foi um erro.
Com o tempo, acabei repensando a ideia de especialidade na advocacia.
Não que eu não acredite que não precise se especializar.
É o “como se especializar” que precisa ser bem pensado.
Muitos acreditam que se especializar é definir uma área de atuação no Direito.
“Preciso definir se vou desenvolver minha advocacia na área trabalhista, criminal, tributária…”
E sempre existem aqueles mitos sobre determinadas áreas, disseminados desde a faculdade: “trabalhista dá dinheiro rápido”, “tributário dá muito dinheiro”, “família é fácil, mas demora a dar dinheiro”.
O dia-a-dia da advocacia acaba por mostrar que esses mitos não são apenas falsos: são perigosos e podem arruinar a carreira de um profissional.
Eu tenho muito receio desse trabalho de posicionamento a partir da definição da área de atuação justamente por este motivo: tudo é pensado a partir do Direito.
Posicionamento deve ser pensado também a partir do mercado ou do cliente.
É a dinâmica do mercado e as reais necessidades dos seus clientes quem servirão de norte para a definição do seu posicionamento.
Quando você delimita a sua advocacia apenas pela área de expertise do Direito, deixa de lado elementos importantes do posicionamento:
- qual o problema que o cliente quer resolvido;
- qual a forma de resolver esse problema;
- qual o âmbito geográfico da sua atuação (local, regional, nacional, internacional, online);
- qual o perfil de cliente você atende;
- qual o segmento de mercado do seu cliente (ou nicho);
- qual o perfil do serviço prestado (incluindo o atendimento ao cliente);
Perceba que o mix do posicionamento envolve várias combinações possíveis.
Para alguns clientes, é mais importante saber que você tem uma advocacia online do que saber que você é especialista em Direito Econômico.
Para alguns modelos de empresas, é mais importante saber que você tem uma boa estrutura operacional e funcional, do que saber que você domina o livro de Direito das Empresa, no Código Civil.
Para outras empresas, a sua capacidade de personalizar o serviço e dar suporte de qualidade é o que importa.
Para pessoas que moram numa comunidade, na periferia ou em pequenas cidades do interior, talvez seja mais interessante o modelo do atendimento e a capacidade de comunicação do profissional que atende o cliente, do que a definição de uma especialidade ou um nicho.
Mais uma vez, volto a frisar: definir uma área de atuação é importante, mesmo porque ninguém consegue estudar a fundo várias áreas.
Vai acabar sendo um generalista raso.
Mas, o posicionamento da sua advocacia está muito além desse limite acadêmico.